CHUVA E CINZAS

Manhã de cinza sem fim.

Chuva fina cai sobre mim.

Entranha roupa, cabelos

E lá se vão os meus zelos.

Chega à pele, desconforta, gela.

Chuva fina insiste, continua

E molha a alma nua.

Vai mais fundo, entra,

Inunda e desvela.

Traz à tona lembranças perdidas,

no fundo do peito escondidas,

submersas, tantas,

que sufocam na garganta.

Chove fora, dentro afoga.

Agora

Chove de dentro pra fora.

Cinzas.