No vício dos "...ece"

Lentamente amanhece...

O tempo imperdoável me enfraquece,

Mergulho num oceano de preces,

Mas a fugitiva esperança me esquece...

De repente entardece...

Um vento gélido me enlouquece,

Diante do meu sorriso a vida desaparece

E num santuário de areia o corpo adormece...

Na augusta paisagem que a natureza tece

Já não vejo a luz do sol que aquece,

Pois a noite é cúmplice do frio que me apodrece...

Devorado pelo verme que da minha carne se abastece,

Percebo que minha consciência chora e se entristece

Perante a nudez de um esqueleto que já não se envaidece!

Ivan Melo
Enviado por Ivan Melo em 28/10/2012
Código do texto: T3957080
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