No vício dos "...ece"
Lentamente amanhece...
O tempo imperdoável me enfraquece,
Mergulho num oceano de preces,
Mas a fugitiva esperança me esquece...
De repente entardece...
Um vento gélido me enlouquece,
Diante do meu sorriso a vida desaparece
E num santuário de areia o corpo adormece...
Na augusta paisagem que a natureza tece
Já não vejo a luz do sol que aquece,
Pois a noite é cúmplice do frio que me apodrece...
Devorado pelo verme que da minha carne se abastece,
Percebo que minha consciência chora e se entristece
Perante a nudez de um esqueleto que já não se envaidece!