Do por quê da escassez dos versos e de outras minúcias.
Reluto em escrever poesia, meu bem,
porque não sei fazer versos
e a maioria dos meus pensamentos
se materializam em frases soltas.
Meu espírito é pintado em versos livres, meu bem,
e a minha alma pouco reproduz
quando não em espanto.
É bem verdade, meu bem,
que a chuva que cai lá fora daria uma bela poesia.
Mas somente cá dentro.
Se quiseres, olha também tu - com consideração
e com o peito aberto - qualquer chuva de qualquer dia,
e a poesia do mundo inteiro te inundará,
omisso qualquer vernáculo do nosso rico idioma.
Acredite-me, meu bem,
que o expícito na maioria das vezes
pouco se faz expressar
e acaba caindo no vazio das coisas que foram ditas
e que, no entanto, mereciam,
por excelência, serem caladas.
Melhor as palavras poucas, meu bem,
quando preciso.
São poucas mas são livres.
Podem ser tolas, mas são puras.