Do por quê da escassez dos versos e de outras minúcias.

Reluto em escrever poesia, meu bem,

porque não sei fazer versos

e a maioria dos meus pensamentos

se materializam em frases soltas.

Meu espírito é pintado em versos livres, meu bem,

e a minha alma pouco reproduz

quando não em espanto.

É bem verdade, meu bem,

que a chuva que cai lá fora daria uma bela poesia.

Mas somente cá dentro.

Se quiseres, olha também tu - com consideração

e com o peito aberto - qualquer chuva de qualquer dia,

e a poesia do mundo inteiro te inundará,

omisso qualquer vernáculo do nosso rico idioma.

Acredite-me, meu bem,

que o expícito na maioria das vezes

pouco se faz expressar

e acaba caindo no vazio das coisas que foram ditas

e que, no entanto, mereciam,

por excelência, serem caladas.

Melhor as palavras poucas, meu bem,

quando preciso.

São poucas mas são livres.

Podem ser tolas, mas são puras.

TMB
Enviado por TMB em 27/02/2007
Reeditado em 27/02/2007
Código do texto: T395646