QUARTA PALAVRA DO CRUCIFICADO - MECHANICAL FUCK





 

"Eli, Eli, lama sabachthani?"

 

Nós precisamos fugir para longe...para onde?

Eu investigarei a origem dessas dores divinas,

De quando eu matei meu nome, para também  morrer.

Acredite em mim quando digo,

Que não é a violência do coração que bate,

Nem a crença em minhas chagas abertas,

Que torna a noite o fim daquilo que tem de permanecer.

 

São os sons dos tambores de uma pátria distante,

São os canhões e a marcha para o infinito.

Eu vou torcer sua alma, engolir seus suspiros,

E quando me abandonar, à frente do sepulcro,

Quando chorar, quando quiser ser mais um herói,

Direi que sou apenas um, apenas o que está em seu peito: o tiro.

 

Vamos traduzir a arte da imitação da fé.

Vou ser o equilíbrio que está oculto em dois braços

Abertos para a sede daqueles que me querem nú.

Vou ser o sexo pulsante entre duas pernas cruzadas,

Para aqueles que me esculpem como o ato da traição.

E este corpo, ausente da Criação será para sua dor.

A palavra que diz apenas o desejo que oculta faminto,

Por mais sangue e esperança, porém mentindo, dizendo,

Que seu desejo, é a redenção que brota de minhas mãos perfuradas.

 


Sed velit caro mea.


 

EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 28/10/2012
Reeditado em 28/10/2012
Código do texto: T3956362
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