A luta do vento com o abieiro
As nuvens juntas
Logo escurecem
Deixando cinza
Toda a cidade
O primeiro
Trovão estremece
Anunciando uma
Grande tempestade
Logo em seguida
Chegam fortes ventos
E os cata-ventos
Caem do meu telhado
Da minha janela
Vejo um frondoso abieiro
Que balança os galhos
Para todos os lados
E o vento forte
Tão forte que uiva
Por onde passa
Deixa estrago permanente
Mas o abieiro a ele não se curva
E mantém-se ali de pé
E imponente
E o vento então diante daquilo
Perde logo a sua paciência
E sopra seus ares gelados
Com toda força, toda a violência
E o abieiro continua firme
E os seus galhos mais e mais vão balançando
E o vento então
Vê seu ataque frustrado
E acredita que a árvore continua
O desafiando
E o vento então
Num ato irresponsável
Avança sobre a árvore
A vários quilômetros por hora
"Quem essa árvore pensa que é?
Quero ver se não se curva agora!"
E o vento passa pelos galhos do abieiro
Orgulhoso de sua força desmedida
Mas quando enfim ele olha pra trás
O que ele vê: algumas folhas caídas...
O vento totalmente desolado
Vai-se silencioso como a morte
E o abieiro sem algumas folha
Continua lá, cabeça erguida, firme, forte
E eu me senti como aquele abieiro
Que atacado foi pelo vento forte e frio
Algumas folhas se perderam: inevitável
Ele sofreu, balançou, mas não caiu!