A carta
Minha alma branca
Vestiu-se de preto
E minha tez
De tristeza se pinta
Quero escrever-te
Uma carta
Falsa e franca
E quero usar meu sangue
Como tinta.
Corto meu pulso
E o faço de tinteiro
Que linda é tinta
Num papel avulso
Penso em pensar
No que dizer primeiro
Mas acabo mesmo
Escrevendo por impulso.
E nessa folha solta
Ponho minha vida
Em mais ou menos
Trinta e poucas linhas
Digo-te tudo
E ao mesmo tempo nada
E o meu sangue
Gotinha a gotinha
Cai no solo
E leva a cor da minha pele.
E quando enfim
Se acaba toda tinta
Termino o texto
E rezo pra que
Você sinta
Todo o amor
Que nessas linhas pus.
Desejo mesmo
Que você não sinta dor
Pois minha vida dei
Por esse amor
Mas antes de morrer
De ver
A luz que mata
Deixei um pouco de mim
Pra você
Nessa carta...