Devolução
Obrigado por me deixar nascer
Pela minha própria vontade.
É cllaro que eu já sabia
Da escuridão da luz do dia;
Das tardes e manhãs,
Das manhas, afãs e agonias;
Dos medos, dos degredos.
Dos sonhos medonhos e dos segredos;
Da falta de esperança,
Da fumaça desgraçada e sem graça,
Dos automóveis espertos e assassinos,
Da coca e da cola que colou
E quase ninguém dá bola;
Do veneno no leite materno,
Dos invernos rigorosos da alma,
Do calor desumano que toooorra...
Dos campos de concentração,
Do facismo, nazismo, capitalismo,
Da mentira do sonho socialista,
Do qual acordei tão cedo;
Eu sabia, não era culpa do governo,
Eu quem governo esse inferno;
Eu sabia das loucuras da meninice,
Da menina gostosa e do pecado,
Da peia feia da velhice;
Eu, pedaço de mau caminho
agora já tão caminhado...
Velho... por seu amor...valha-me!
Queira-me de novo no ovo.
Por favor, aceite a devolução.