Meu desamor pelo amor

Ora no afago, ora no escarro,

a regra que dá ao amor seu alto preço

é seu teor caótico de recomeço;

sempre saboreado como o mais longo cigarro.

Pagamos tudo com sangue e pranto,

que se desmancham em frouxos sorrisos,

pelas sutis piscadelas e acenos imprecisos,

Quando de um novo amor ouvimos o teimoso canto.

Ah, se pudesse minha voz se sobrepor ao som,

diria: "calado!, não vês que estou já satisfeito?"

Sei que ele rir-se-ia de mim e diria, estufando o peito:

"A impaciência é dos mortais o maior dom".

E repousaria em meu silêncio, ciente de toda minha boçalidade;

não obstante meu desespero, seguiria com a cantoria,

rindo-se da minha inútil indagação perante sua consumada soberania;

Contagiar-me-ia com seu riso eufórico, novamente, por pura crueldade.

E eu, outra qualquer a sorrir em sua presença;

escrevendo mais um poema-clichê sobre seus encantos,

Dentre estúpidos risos perceberia, entretanto,

o choro contido ao notar que em mim só há dele a ausência...

Ao amor. 26-10-12

Duda Checa
Enviado por Duda Checa em 26/10/2012
Reeditado em 26/10/2012
Código do texto: T3952692
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