Arabesco Enluarado
Entre cacos do brilho tênue de um coração que se apaga
O aro prateado da lua hasteia no horizonte
As flâmulas da noite tremulam em desalinho
Uma explosão de dor ecoa na garganta da noite
Por um labirinto de arabescos negros flamejantes
Enormes pássaros inquietos saltitam de galho em galho
Fantasmas do efêmero enevoam a noite
Varrem com sofreguidão cometas incandescentes,
Rosas sedosas de um verdadeiro jardim de luzes
Enegrecendo a alma iluminada por antigos luares avermelhados
Sob a interferência do lírico amor, do medo e do pavor da perda
O poema ressurge nas aragens da dor, soluçando entre espasmos inefáveis
De olhos alagados de estrofes, de sementes invisíveis
O aceno negro floresce na consciência do amargo fim
Encerram-se as memórias sonoras do violino que entoava
Cantos harmônicos, alegres sonatas na enseada da ilusão
Secam as gotas mágicas que celebrei no frisson do teu prisma
A ardência das tuas setas queima a alma inquieta
Mas coroa com dardos de sol o jardim estéreo
Onde a poesia funde-se com lírios e memórias multicor
Revelando-me inteira perante a face monstruosa da tua insensibilidade.
(Edna Frigato)