Fronteiras
Frias e tênues linhas por sobre o mapa
Dividem o mundo em tantas partes diferentes
Marcando o espaço de todo ser vivente
Separam chãos, separam gente.
Que na busca incessante de liberdade
Prendem-se entre quatro paredes
Vivem até que seu tempo ultrapasse
Os limites da vida, a morte.
Ai, gente sem sorte!
Choram guerras e fome
A doença sem cura,
A vida tão dura
Que o próprio homem criou
Nas diferenças impostas
Por seu desejo de posse
Nada dividem que possa
Ser de todos, consorte
O saber guardado
A verdade fracionada
Que não cura, não responde, não salva,
A existência num barco á deriva,
Gente que teme o naufrágio e espera salvação.
Temem a morte, mas separam vidas
Querem a sorte, praticam o azar
Têm em todos os limites a origem
No triste limite em amar..
Pobres detentos!
Prisioneiros de si, nos limites do próprio pensamento
Que em ilusório sentimento de glória e de poder
Vivem assim, na mais limitada experiência do ser
Entre dores, falsos sorrisos e amores
Nas duras penas da luta em ter sem possuir...
Olham por entre as grades de momentos lúcidos
A vida sem fronteiras, um novo amanhecer, mas temem!
E continuam presos em si.
Incapazes de atravessar a fronteira entre o ser e o existir...