Fronteiras

Frias e tênues linhas por sobre o mapa

Dividem o mundo em tantas partes diferentes

Marcando o espaço de todo ser vivente

Separam chãos, separam gente.

Que na busca incessante de liberdade

Prendem-se entre quatro paredes

Vivem até que seu tempo ultrapasse

Os limites da vida, a morte.

Ai, gente sem sorte!

Choram guerras e fome

A doença sem cura,

A vida tão dura

Que o próprio homem criou

Nas diferenças impostas

Por seu desejo de posse

Nada dividem que possa

Ser de todos, consorte

O saber guardado

A verdade fracionada

Que não cura, não responde, não salva,

A existência num barco á deriva,

Gente que teme o naufrágio e espera salvação.

Temem a morte, mas separam vidas

Querem a sorte, praticam o azar

Têm em todos os limites a origem

No triste limite em amar..

Pobres detentos!

Prisioneiros de si, nos limites do próprio pensamento

Que em ilusório sentimento de glória e de poder

Vivem assim, na mais limitada experiência do ser

Entre dores, falsos sorrisos e amores

Nas duras penas da luta em ter sem possuir...

Olham por entre as grades de momentos lúcidos

A vida sem fronteiras, um novo amanhecer, mas temem!

E continuam presos em si.

Incapazes de atravessar a fronteira entre o ser e o existir...

Leda Gaivota
Enviado por Leda Gaivota em 25/10/2012
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