Prato de comida
Imaginava eu
Sobre a ponta
Da pedra ver
É céu limpo:
Essa mulher,
Antes tão linda
Agora mendigo
Roda terra
Roda mar
Roda meus amores
Roda até o mundo
Acabar...roda aqui
E roda lá, pois é
Da vida rodar....
Meu são benedito
Que de bengala
Ama o chão mais
Do que o céu -
Casa dos santos.
E roda e rodava
Como roda o
Recreio, o corredor
E minha cartilha da
Primeira série...
A estradinha da fome
Da mata insone
Da punheta infância
Da nudez precoce
De adriana...
Na outra fileira
Sentava ela, loura,
Ou morena, nem
Lembro, sem peito
Sem nada, somente
Magreza, sem nome
Um vulto, uma mancha
Na minha meninice....
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outro poema..
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a igreja que empresta
nome ao santo, á
santa ignorância humana
é banhada pelo viscoso
cheiro que saia do quarto
da briga...
que acontecia sobre a cama...
Era silhueta
guardada
à sombra
do desejo...
roupas coladas,
na sua lingua de
cão...
afiada na pedra
de palavras...
descortinada de
esconderijo -
vento dando unhadas
na janela....
o suor quando
alcança a boca
o salgado da carne
ganha no gosto de boca
outro sal,
um soco no canal
do epiglote, vermelhinho
no escuro, atrás dos dentes....
ao redor dos
anos, outros
anos há, outros
jeito de ser,
outras formas
no andar....
o cuscuz granulava
minha fome de
amarelo, e nascia
um sol no meu
estômago (
que antes só
sabia pedir e
não podia dar...)
a cidade
de vidro alumiava
o céu na membrana
meus pés criaram
asas, e desforme
seres imaginários
morreram na guerra
dos salários...( as mulatas
desciam a minha rua
com suas inocentes
bocetas acetinadas )
o preço na farinha
no leite, na passagem
de ônibus, o preço
na carne de costela...
o preço estava na
carne, não no bolso
na carne, no leite
na farinha de trigo
e na farinha de mandioca
embaixo das árvores
as folhas conversam
sobre morte...não
vê, não sabe, não
diz, nada sobre
a mesa bem arrumada
travada de prato e feijão
olhada pelo retrato da
parede, cismado... (tenho medo
de retratos na parede)
"superego congelado"
nada sobre a mesa
arrumada com toalha
quadriculada, jarinho
de barro, com flor
de plastico, cagada
de mosquito e amarelado
de gordura....
como
no tempo que tudo
era nada....