Inabitável
Eu não sou daqui, rapaz,
sou apenas da passagem que foi algumas pessoas,
E das obras, das sobras.
Eu vim de longe, vim de onde vem os ais.
E de onde nada é certo
E nada pode ficar.
Passei por muitos nomes, rapaz.
Alguns nem lembro mais,
Outros eu ainda escrevo em algum lugar.
Provoquei algumas queimadas,
E vivi sem chuva em lares secos.
Eu não sou daqui, rapaz.
Apesar de falar como você,
Minha língua é outra.
Nem pode ser contada,
Esse lugar não é meu, rapaz.
Já passei por terra voando, e mato visto como flores.
E já dormir em terras inférteis.
Esse céu, não é o Céu que vejo, rapaz.
Esse céu não tem linha,
E nessa bússola não dá pra encontrar
Onde se perder.
Esse céu não é meu,
Esse é o céu dos homens que foram,
Como todos, de terras estranhas.