[Deixaste-me na Dúvida]

[Para você, é claro]

Por que a tua dúvida, por quê?!

Ah, eu prefiro não entender,

prefiro ficar na dúvida, ou antes:

prefiro ficar suspenso na [tua] dúvida,

pois a dúvida é uma pergunta latente,

e se eu te respondesse, outra pergunta eu te faria...

Ah, estás curiosa, queres saber, queres?!

Já que me deixaste na dúvida, vingo-me:

não te digo, fica na dúvida, oras!

Duvidar?! Duvida, duvida sim,

duvida sempre, pois, duvidar

é abalar os travos das certezas,

é entrar em estado de reflexão,

é estar apto a receber o pólen da palavra

que nos enleva, nos fecunda a alma,

e cria a magia da intersubjetividade

[ou seria da simples interação?].

Duvidar é recair no estado de poesia,

Duvida de mim, duvida do que te digo,

duvida sempre, não me poupes nunca!

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[Desterro, 25 de outubro de 2012]

[PS. Olha só: é como eu digo,

sou vário, e se eu me levasse a sério,

eu beberia o copo de veneno que não está sobre o piano;

nem piano eu tenho... só tenho tépidas palavras]

Carlos Rodolfo Stopa
Enviado por Carlos Rodolfo Stopa em 25/10/2012
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