Quanto de saudade ainda persiste

Quanto de saudade ainda persiste

no meu medo?

Não sei.

Foi tanto amor

tanto silêncio

atravessando este sol posto

na tardes que passaram tão devagar

entre o nascer da flor

e o rebentar da crisálida

deixando em meus lábios o teu gosto,

no ar o teu perfume de menina,

no meu ouvido o sussurro da tua voz

e a delicadeza do teu beijo

na minha solidão

que, hoje, é tudo que tenho

nas noites sem voz,

sem soluço

apenas o suave marulho do mar

ao longe

perene como o calor da tua mão

em meu peito

e o infinito dos teus olhos negros

vesperais da noite

que em mim se faz e repousa

afagando o cansaço dos teus cabelos

repousando sobre meus ombros,

sobre este querer-te solitário

e que trás teu nome em arabescos

dentro da essêncioa tua

que ficou em mim

amando

e consumindo

os versos que só agora te faço,

pois que só agora eu julgo saber o que era

o caminho que vivia en teus olhos negros

e só agora julgo entender a tua ausência

que faz de mim

urdidura e morte

pausa e poesia