OS IMPERFEITOS
Quem me sufoca, me oprime, me deprime
Em nada me serve, em nada me redime,
Quais os fortes, os sábios, os santos!
Sim, desses tais...
Ninguém ouve seus ais,
Ninguém os vê em prantos!
“Estou em dúvida”! Quem os sábios?
Não! Tal frase jamais é pronunciada pelos seus lábios!
“Caí em tentação”! Quem os santos?
Não, não! Esses são Espíritos prontos!
Eis porque suas presenças
São-me verdadeiras sentenças!
Sou fraco, ignorante, pecador:
Ainda choro, sou cheio de dúvidas e vivo em tentação!
Assim, prefiro viver com meus iguais,
Ouvir seus ais,
De vez em quando, dirimir suas dúvidas
Ou confabular sobre nossas dúvidas!
Condená-los por caírem em tentação
E por eles ser condenado, quando caio em tentação!
Como? Isso é um contrassenso?
E daí? Ainda sou imperfeito!
Quer ser meu amigo? Aceite-me do meu jeito
Ou siga com sua crítica seu olhar de reprovação,
Sufoca-me sua empáfia, sua presunção!