O brinquedo
Agora ela marcha
Não sabe pra onde
O rosto ela esconde
Talvez timidez
Mochila nas costas
Uma roupa surrada
Uns trocados
Mais nada
Procura respostas.
O mundo parece
Um circo às avessas
Meninas travessas
Vagando nas ruas
Talvez por vontade
Ou por necessidade
Um carro estaciona
E dali leva duas...
E ela procura
Um sentido pra vida
Mal sabe a menina
O que é vida dura
Na mesma cidade
Quase a mesma idade
Mora uma menina
Quem tem pele escura
Num barraco miserável
Sem nenhuma estrutura
E por isso ela tem que
Dormir sem ter cama
Morrendo de frio
O estômago vazio
Sem entender reclama
Às cinco ela acorda
Na verdade levanta
A fome era tanta
Não deu pra dormir
Ela sai as ruas
Pra catar sucata
Papel, vidro e lata
Já passa das duas
Suor no pescoço
Nem teve almoço
Mas continua o trabalho
Com muita valentia
Ela feliz canta
Hoje vai ter janta
O amanhã é de Deus
Amanhã é um novo dia...
E a primeira menina
A que fugiu de casa
Agora se arrepende
E chora de medo
Por ser tão fútil
Ele se sente inútil
Tanta gente passando fome
E ela se aborrece
Por não ganhar
Um brinquedo...