Miscelânea de nós
Não sou pedra ou moinho
Nem tão pouco barbante
Que enrola o pão quente
Na padaria da esquina
Sou bordado de chuva
Que se esquiva na janela
Após o sentinela
Despertar no amanhecer
Não sou menina vazia
Nem quitandeiro ladrão
Sou fruto, imaginação
Que chora na madrugada
Sou o passado de agora
O presente de amanhã
O verbo que virou lã
Na caçarola da verdade
Não sou medo ou desejo
Nem as armadilhas do ego
Sou o personagem cego
Que se encheu de saudade
Sou a pestana do olho
Que agora te vê ao longe
O amanhã que responde
E se mostra no olhar
Sou e não sou o eu
Mesmo se me degolarem a alma
Sou e não sou tua calma
Misturando-me em total desassombro