Vidas que vivemos no cais do porto
No cais do porto, um barco a deriva
Um negro com dentes de ouro
O cigano com o timbal na mão
João veste um jeans
E Gabriela roda a sua saia vermelha
Beijo na boca, gerânio nos olhos
Temos aqui uma mulher com uma tulipa na nuca
Gal canta e a torcida grita gol
No cais do porto, na cama do quarto
Billie Holiday vibra e o silêncio age
É uma não ação
A ação da inércia
No palco do Vila Velha
Numa cama fétida da Montanha
Somos transeuntes
Entre letras, acordes e parados nos semáforos
No gozo, na loca, na via, na veia
Há sangue, sangue vermelho, carmim
No cais do porto, maresia, Contorno
Há sangue, segue o medo, o freio.