Saudades colhidas num jardim
A noite despida regalava-se num cálice de vinho
Minha mãe cantava uma canção, não sei qual, mas era uma canção linda
Minha irmã no quintal colhia pitangas
E a lua derramava-se num copo
Minha avó num retrato preto e branco
E a saudade uma mulher que nunca quis
Minha tia bordava
E a madrugava caminha perdidamente aguardando o sol
Eu dançava tango e minha mulher colhia begônias
Minha filha lia contos
Outras mulheres corriam quais estrelas, paravam como ondas
Entre o mar e o rio tem a água
Grito dentro do meu sonho
Nada de Amélias, Atenas e outras dores
Paris uma mulher dissimulada
Colhíamos camélias
Nato parir desabrocha flor
Cantarola a manhã a noite que foi
Risos batons e algumas agonias
Na saudade uma renda e antes do seio o coração