Impetuosidade!

Naqueles tempo inexatos

De luxúria às avessas,

Eu deplorava-me nos cantos sujos;

Onde ao meu lado vociferavam seres absurdos,

E na rouquidão de meu silêncio

Uma criança chorava,

Mendigando pela vida,

Suspirando pela morte!

Tal era seu desalento

E seu pranto consternado,

Como seu desabafo soluçante,

Carente de um abraço,

Que nunca teve.

Eu seu desespero vi meu rosto,

Com uma feição alegre,

Implorando por crueldade!

Num sorriso maroto,

Compassivo de ódio e de revolta;

Enrudecido pelo tempo,

Jovial como a inocência,

Flébil como a dor alheia,

Que de suas tormentas,

Tão profundas quanto o mar,

Só podia ver-se dor e mais dor!

Com o peito entumescido

De fúria e complacência.

Neste canto imundo,

Inerte na sordidez

E infesto de males obscuros,

Nossas almas infernais

Conversavam pelos olhos!

E cada lacrimejo

Era uma confissão angustiada.

Nesse ambiente

Tão inóspito,

Nutríamos de segredos

De pura pura cerração!

As ânsias do fracasso,

As incertezas de um futuro

Que não deu certo.

Este não era como imaginamos,

Mas era, talvez,

O que queríamos!

Bocas almejavam balbuciar,

Mas, apesar de o silêncio ser total,

Ouvíamos ecos gritantes,

De socorro próximos...

Bem perto... bem perto... bem perto!

E o que não percebíamos

É que nós mesmos...

Ululávamos solidão!

Só que ninguém ajudava

[Ninguém!

Elmer Giuliano
Enviado por Elmer Giuliano em 23/10/2012
Reeditado em 23/10/2012
Código do texto: T3947272
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