Ouso um poema
Ouço palavras
na mudez do vento
que corta na varanda
Ouço palavras
e sei das vontades
que elas guardam
Ouço palavras
e todas suplicam
que eu as engula
Para que depois
eu as restitua
soltas no tempo
Ouço palavras
que mudas e frias
não geram poesias
Ouço palavras
quentes e loucas,
pena que poucas
Ouço palavras
que por si só
já são poemas
Ouço palavras
e como um louco,
ouso um poema!