Engomados

A cidade está um nó

Dentro das tripas

Entrelaçada no coração

Do estômago...

Nas arquibancadas

Há somente escravos

Que gritam atráves

Das linhas e boca

De palhaço: “somos

Todos felizes, pois

Tenho peito de aço”

E meu sangue toca

Um samba de crioulo

Doido na maquinaria

Do verde do gramado.

Desgraçados!

Gritam vermes,

Que na galeria

Da barroca,

Supletiva a vida

E Joana ri, Joana

Canta, joga a vida

Como uma sanfona,

“Nessa vida eu só

desaprendi”

diz, com a fala entremeada

sem nome ! Como

se fosse feio

passar fome!

E os vales pulam

Da cantoria do tempo

E caem em suas camas

Engomadas, mas cheia

De vento...

E meu coração é uma orquestra

Desafinada, quase engraçada

“Que suspira entre a mentira

E o nada....”

Entretanto, sem sofrimento

Ariano Monteiro
Enviado por Ariano Monteiro em 22/10/2012
Reeditado em 22/10/2012
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