(Porque não sou o que sei, mas o que sinto)

Toda a poesia emudece até,
ou parece que esquece que é,
esquece o que é, ou de ser
e no silêncio desaparece...
Poesia para quê?
A inutilidade em palavras,
as coisas que não descrevem,
as coisas que escrevem,
que não se medem,
que não se mente,
depois se perdem
não deixam nem semente...

E muda até toda a beleza do mundo
e fica ainda muito mais bela que era,
mais do que qualquer beleza seria,
talvez música, um arrebatamento
este alumbramento aqui dentro,
essa plenitude de esquecimento.

Só de ouvir tua voz!

A vida inteira fica a valer a pena,
somente por imaginar o teu sorriso,
e o teu sorriso imaginado apenas,
muito mais belo do que se imagina,
mais belo que os sorrisos inventados,
que todos os sorrisos pintados,
desejados, ensaiados, fotografados,
mais belo que todos os sorrisos dados,
do que todos os sorrisos que são reais
e realizados...

Essa saudade amor viagem
essa miragem de beleza sonhada,
essa verdade ainda nunca acabada,
essa certeza de que na imensidão
tudo é imenso e estamos a sós,
num alumbramento de beleza incriada,
nessa poesia que não sabe dizer nada,
que ainda sabe assim tão pouco de nós
e que se entrega e fica assim tão calada,

Só de ouvir tua voz!
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 22/10/2012
Reeditado em 03/05/2021
Código do texto: T3945285
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