Criança
A criança que chora pétala
Da rosa cálida
É a mesma que cresce máquina
Dilui a fumaça
E se refaz em nada.
Canta pedregulhos
Balbucia o vento
Assovia poesia
Se desfaz em cento.
Caminha centímetro
Pela água rasa
Do grau centígrado
Da pele magra.
A carne morta
Do sapato sola
Do equilíbrio em salto
Do mirante à dor.
A criança tem alma
O mendigo tem alma
O negro, o índio, a prostituta
Todos tem a mesma alma
Independente da desgraça.