Passado e futuro
Arrasto os ossos da minha história estrada afora
Lembrando escolhas duvidosas a mim impostas
Enquanto, brechtiano, vasculho o escuro,
Aguardo do que lê, suas respostas.
Entre massacres e a vã vida encruzilhei-me
Tentando voos de astuto réptil elevando nuvens de poeira.
Fiz-me pardal em voo cego de balão
Querendo asas que dessem eira ou beira.
Prá muitos santos bati canecos, fiz preces
Mas muitos deuses a mim impuseram seus preços
Vendi barato, então, minha estada neste mundo
Quebrando a cara e o resto em meus “n” tropeços.
Meu Pravda prá vida faltou com verdades
Ditou regras com muitos pesos e medidas
Esvaziou quase de todo meu argumento
Desnorteando o imediato qual bala perdida.
Bato nos 50 ainda sem muitas respostas
Relendo Brecht e acrescentando mais questões.
Olho as escolhas à minha frente e as reconheço:
Mantêm-se as dúvidas sem crer se resolvê-las mereço.
Enquanto cobro de mim mesmo a decisão
Alarga-se o leque das possibilidades.
A razão, aferroando-me, diz: “busque a verdade!”
Enquanto o peito oscila ante outra realidade.
O que virá é incógnito e não está nos livros;
Nosso cristal falho não nos aponta segurança.
Mas deixa antever muitos caminhos longos
pelos quais trilharemos nossas novas andanças.