Que morte?

Não morreu, porque vejo suas orelhas em nós, multiplicadas por três.

Multiplicou-se.

Não morreu, porque é lembrado todos os dias, por nós.

Habita em muitas moradas.

Não morreu, porque ouço aqui sua gargalhada rejuvenescida aos cinco anos.

Renasce iluminando-me a cada sorriso dessa criança.

Não morreu, só porque seu corpo destruído pelo fogo, tornou-se as cinzas que espalhei no mar.

Diluiu-se em água e se fez oceano.

Não morreu, porque ainda hoje ouvi sua voz cantando.

Encantado, encantará a muitos, sempre.

Não morreu, porque cada lágrima que rola é uma ode a sua vida.

Bem vivida, dignamente terminada.

Mesmo sofrendo, respiro aliviada.