carne por dentro

O silêncio emborcado

Na parede do quarto

Vazava nos cantos

De lama e misericórdia...

Há um tufão revolto

Na baú que foi da minha

Vó, que guarda o passado

Nas cartas, nas roupas

Velhas, e no desgaste

De ver todo dia a mesma

Cara pálida que vem do

Dos outros quarto...

Dos outros tempos e da

Boca entristecida que

Fagocita a todo instante

Lembranças que me Consome

Nossa casa é rodeada

De chuva, de ódio, de

Incerteza e da proibição

De amar o que apenas

É amável, de esquecer

De como o trator nos

Arrasou os tecidos

Que cobria nossa carne

Por dentro....

Ariano Monteiro
Enviado por Ariano Monteiro em 18/10/2012
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