Malditas Pulgas

Malditas pulgas incontidas

nas orelhas dos meus cães

e são de um mesmo circo;

o circo terrorífico de Bornéu.

Malditas pulgas esbravejadas

pulando lentilhas no ano novo

e sugando o sangue da galinhas

em um açougue sujo tailandês.

Malditas pulgas dos cortiços

saltitantes e inconvenientes

deleitando-se em veias surradas

de um necrotério de Gotham City.

Malditas pulgas sorridentes

saindo de um frasco de pasta de dente

e subindo nas saias das dançarinas

de um cabaré em Bora-Bora.

Malditas pulgas picando elefantes

de um zoológico humano e ilógico

onde existem duas bicicletarias

na esquina de um café em Nagazaki.

Eu vou beber todos os fungicidas

e matar os vermes dos meus jardins

tão secos e coloridos e habitados

pelas borboletas exóticas do Paquistão.

E as malditas pulgas foram morrer

nos coelhos do Afeganistão e do Vietnã...