Quase morte
Atado em minhas memórias
o dia em que voei nos braços de Ícaro
Ainda sinto o vento cortando meu rosto...
Ainda lembro de minha quase morte,
do silêncio sepulcral na descida
Ainda sinto os calafrios na medula!
Alma em queda livre...
Caronte as margens dos olhos...
Ainda ouço o descompasso das ondas quebrando os ossos!
e sereias cantando vitoriosas o maná
A beira de mim, dorso curvado e entregue
Sorriam os medos ante as profundezas oceânicas,
cavando o túmulo de meus pensares
Ah morte...
Regozijando-se em espiral sobre meus arrepios!
Em pleno inverno do corpo,
absorvi letras aladas nos cântaros dos deuses
Desaguaram versos sob os dedos ensanguentados...
Emergi!
Denise Matos