Fé, toda pra mim.
A fé é fogo de moenda,
franja generosa das entranhas do vento,
é medo, medo sem folegar, sem chegar.
Fé culatra paredes, empala desejos,
emerge, flui, descampa.
Fé é voz encorpada, olhos desvendados,
faz a cor corar, afaga e desaparece.
Seus encantos prantos onde estão?
Fé madruga nas soleiras da voz,
quando sinto respingo vida,
quando atraco esqueço de mim.
Sempre atada, desatada, desnuda,
abunda natureza, faz o ar entrar em transe,
disfarça, dissimula, mente.
Pouco chão resta na sua manha,
pouco ar sobrou dessa loucura,
nóia toda vida.
Fé é forte, muita sorte, cais.
Onde poderemos te ver, menina?
Agora não há mais boca, chega de fome,
tudo caiu em si, em mim, em ti.
Hoje o copo se encardiu dele mesmo, morreu.
Sacudo seus cabelos e nada sinto.
Fé, volta. Revolta. Solta.
Aonde quer que seja, seja.
Toda pra mim.
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