miragem

era das letras, a sede

era da palavra, a fome

eram da poesia, os olhos...

e nada foi, nada existiu

entrelinhas secaram teus mares

males sangraram teus rios, teus lábios

ah, mas que fosse tudo escârneo

fosse tudo deboche, farelo da carne

um tudo sem pregos, aos berros

restou um fim que não ouve

nesses versos cegos, reticentes

pontos e pontos abertos a esmo

tal qual feridas aos cântaros

que cantam em noites de lua tenra

e abrem-se em flores nos pântanos

mera visagem, mera imagem

nada houve, nada viu, nada e nada

só o eco do vacuo, uma quase, miragem...

Almma
Enviado por Almma em 17/10/2012
Reeditado em 17/10/2012
Código do texto: T3938528
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