vômito morto

Bate forte, bate pé

Repetidas vezes,

O salão tem o chão

De café, no cheiro forte,

Do arroz bem temperado, da carne

Que cheira a cebola torrada, e alho

Quente ao óleo que grita na panela de barro...

A única verdade que encontre é essa

Da fome...de comida, de dormida,

De corpo, desse cheiro de gente nua...

A mulata astuta arrasta

A vontade da multidão...

“que balbúrdia essa vida”

E o salão festeja o dia

Quente... a porta entreaberta

Onde o tempo é uma pasta

Mole, desleixada, um calabouço

Antigo...que prega e fica impregnado

Nas coisas que a gente sente...

quem se importa mais

Com isso? é a frase da entrada

Que ninguém ler... por medo

Só pode ser por medo e nada

Mais...medo tosco de mostrar

O que é...simplesmente uma coisa

Básica, plastificada, uma fôrma

Que se repete dentro do infinito

Que não se acaba...coitado!

Tão bonzinho, tão alegre em

Ser assim...bobo...

e mulheres finas, finas?

Sei não...se veste de roupas caras

Passam batom, não reza na frente

Dos homens, do pobre ou do

Padre que usa saia, mas que no

Escuro pede benção ao diabo...

Pois acima de tudo, na estribaria

No sossego, sem o olhar do outro

O que importa mesmo é o desejo...

E todos vomitamos mentiras,

E todos fingimos...brigas? não

Mais, pois se a estrada não muda...

Mudarei de estrada, pois essa mentira

Torpe não faz parte de minha vida,

Meu camarada!

isso não passa de vômito,

vômito morto...

Ariano Monteiro
Enviado por Ariano Monteiro em 17/10/2012
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