Dois mundos
Enquanto uns cospem
Outros engolem seco
Um gosto amargo
Uma lastima caída
Recolhem em si
A esperança perdida
De toda sorte contida
No azar sorridente
E nesta terra ardente
Deste planeta hábil
Mora a incerteza
Da fé não amada
Tantos que cantam
Que sofrem em pranto
Numa festa sem fim
Num riso aparente
Outros que oram
De pecado em pecado
Num sonho alado
Devaneio, senil
Neste mundo duplo
Sentidos em êxtase
De um lado o sagrado
De outro o profano
Entre a vida capital
E a morte divina
Resta só a dúvida
Tão suave e mortal
Será que no fim
Cada palavra e ação
Farão a diferença
Entre os dois mundos?
Enquanto uns rezam
Outros tantos fornicam
Ambos sem rumo
Na certeza do risco