Manhãs de Idiossincrasias
Todas as manhãs desidratadas
e flores ornamentais alienígenas
dobrando esquinas e esquifes
e os versos são uma casa de fantasias.
Todas as manhãs os passarinhos
e as borboletas abissais e purpurinas
pegaram o ônibus espacial da Carolina
e foram ter uma tour sem mais voltar.
Ah, como eu queria ser o mar
e elevar-me nas marés tão regulares
lavar as proas desse mundo embrionário
içar as velas dessa arca velha de Noé.
Mas sou tão cego e áspero às terças-feiras
que deixarei meu calendário no guarda-roupas
resignando seus pecados todos os dias
ou somente irei até a padaria para observar.
Tantas bobagens que suas arestas são cartilagens
e a poesia segue sem sentido e é comigo
que vai ter que se acertar, no céu ou no bar
pois, todas as manhãs são semelhantes.
Ah, como eu queria ter a barba de Matusalém
e as asas de uma libélula sem compromissos
mas, não é só isso... São delírios e assassínios
refletidos constantemente pelas televisões.
Todas as manhãs eu vejo isso e escrevo só
ao acordar, as vezes sonhos e devaneios
uns incompletos e outros inteiros e sãos
mas, a sanidade é uma falta de verdade.
Todas as manhãs é o meu retorno
e o seu transtorno, pura idiossincrasia
degustada aos nacos com molhos tártaros
em um restaurante hippie em Tehuacán.
Todas as manhãs é somente o sol em seu bocejo...