Cavalos Alados

Senhor… Porque não fazes de minha vida um sonho?

Diga-me, ó pai, por que fizestes tudo tão real?

Porque não me crias um lugar que puxe meu sorriso tanto quanto a minha mente?

Caso não tenhas percebido, aspiro por magia, cada dia mais.

Vivo apenas pelo surreal, o impossível.

E, no entanto, vejo-me contentando-me com uma máquina cinzenta.

Um ser robótico que, incrivelmente, fornece-me ar…

Seu ar sem cor e sem voz, que tenta me manipular assim…

Se me tiras a magia, ó pai, tira-me mais que a vida.

Assim, sem escudos reluzentes, sinto-me mais que vulnerável.

Sem minha humilde rocha d’água, sou incapacitado de guerrear.

Guerrear contra a monotonia que se alastra com tentáculos nas sombras.

Guerrear pela luz do cetro que flutua dançante sobre a floresta esquecida.

E, ainda assim, percebo que me foi tirada a espada. Roubada, dos trovões, a adaga.

E levada, do mundo, a mágica.

Reparo, então, no pequeno canto cinza que luto para que se vá.

Mas, como o resto da tempestade, o pequeno insiste em ficar.

E, sem meu cetro ou a pedra d’água, não posso sequer tentar.

Senhor, ainda assim, te suplico… Não tire a mágica que sinto, ou sei que não vou mais voltar.

Devolva-me o escudo polido, eu suplico, que com o cetro eu ei de usar.

Purifique a espada cansada, pai, antes de o cetro me tirar…

E me faça uma nova pedra, senhor, que a antiga sem mágica está.

JCast
Enviado por JCast em 17/10/2012
Reeditado em 17/10/2012
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