Cavalos Alados
Senhor… Porque não fazes de minha vida um sonho?
Diga-me, ó pai, por que fizestes tudo tão real?
Porque não me crias um lugar que puxe meu sorriso tanto quanto a minha mente?
Caso não tenhas percebido, aspiro por magia, cada dia mais.
Vivo apenas pelo surreal, o impossível.
E, no entanto, vejo-me contentando-me com uma máquina cinzenta.
Um ser robótico que, incrivelmente, fornece-me ar…
Seu ar sem cor e sem voz, que tenta me manipular assim…
Se me tiras a magia, ó pai, tira-me mais que a vida.
Assim, sem escudos reluzentes, sinto-me mais que vulnerável.
Sem minha humilde rocha d’água, sou incapacitado de guerrear.
Guerrear contra a monotonia que se alastra com tentáculos nas sombras.
Guerrear pela luz do cetro que flutua dançante sobre a floresta esquecida.
E, ainda assim, percebo que me foi tirada a espada. Roubada, dos trovões, a adaga.
E levada, do mundo, a mágica.
Reparo, então, no pequeno canto cinza que luto para que se vá.
Mas, como o resto da tempestade, o pequeno insiste em ficar.
E, sem meu cetro ou a pedra d’água, não posso sequer tentar.
Senhor, ainda assim, te suplico… Não tire a mágica que sinto, ou sei que não vou mais voltar.
Devolva-me o escudo polido, eu suplico, que com o cetro eu ei de usar.
Purifique a espada cansada, pai, antes de o cetro me tirar…
E me faça uma nova pedra, senhor, que a antiga sem mágica está.