Próprio Jeito

Os tropeços que outrora eu cometi na vida 
Que marcaram o meu corpo com as cicatrizes das feridas 
E forjaram a minha alma sob o malho e o cinzel 
Hoje me permitem trabalhar com a pena e o papel. 

Catando pelos cantos os cacos dos desacertos 
Como um maestro eu levo a vida conduzindo um concerto 
Vislumbrando da existência toda a sua dimensão 
Sem, portanto, permitir-me o arroubo da paixão. 

A morte?!? Porque me preocupar com ela? 
Deixo-a seduzir-me como uma linda donzela 
E em seu colo, mansamente, vez em quando eu me deito 
Afinal, não sabemos que para a morte não há jeito!? 

Então, seguindo o meu caminho sempre em frente 
Com os pesadelos e devaneios a povoar-me a mente 
Eu pergunto a mim mesmo com o sopro da angústia no peito: 
Não seria a morte o próprio jeito?
Edmaram
Enviado por Edmaram em 16/10/2012
Código do texto: T3935282
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