Fui poeta
Se Bandeira achava-se menor
Meu Deus, o que serei eu?
Um vassalo das terras feudais,
Um escravo ou um simples plebeu?
Chamaram-me um dia de artista
E eu disse que era um ledo engano,
Eu não passava de um mero simbolista
A ocultar meu coração parnasiano.
Tentei de tudo, mas desanimei
Até tomei a tônica modernista
Não adiantou, não me fortifiquei
E ao final ainda embaçou-me a vista.
Eu caminhei pelos montes árcades
À custa de um bom trovadorismo.
Andei no tempo, viajei no espaço
E me perdi em meio ao quinhentismo.
E, no entanto, hoje estou aqui
Minha existência lhes será discreta
Da vida levo tudo o que aprendi
Fui bem menor, mas sei que fui POETA.