Sofressor
Miserável ensinador
Detentor das utopias
Falastrão das teorias
A humilhação é o seu par
Ganha pouco por ensinar
Quase nada, senão desdenho
A verdade que aqui tenho
É que a educação enlouquece
E por maior que seja a prece
Mais de quarenta vão te frustrar
Aqueles o qual transmitir não engrandece
São o cães do outro dia
Que te roubarão, te levarão a serventia
Pois dominar não tem nada a ver
Com aprender ou conhecer em demasia
E lá vamos nós, meros profissionais
Incapazes de revolucionar
Por mais de cinquenta minutos
Colocado-nos em condições
Ensinando canções, teorias
Fazendo o mundo ter sentido
E adestrando crianças a destruí-lo
A consumir a existência em sua essência
Hoje é o dia,
Que uma profissão sem valor social
Recebe agradecimentos
Explode em alegria: Viva o magistério!
Por favor, falemos sério
Nem sequer três salários, por desdém e frustração
Isso não condiz com as frases que ouço...
No calabouço dos meus sonhos
O que melhor me dizem é isso:
"Pra que o senhor veio?"
"Você não adoece?"
"Por que não fica em casa?"
Dessas questões filosóficas
Eu até sobrevivo
Mas o que mais me doi pensar
É que na hora de revolucionar
O sinal toca, e eles saem para lanchar...