Cá estou. Imposto,
Não por gosto,
Mas até que gosto.

Cá estou.
Assim deposto,
Depois reposto.
Aposto que nem sentes
O gosto do desgosto no rosto.
Mas pressentes,
Nas palavras prementes,
Que mentes que sentes,
Todo o medo que pressentes
Das auroras ainda ausentes
E da escuridão ainda presente.

Que eu tenha pela frente
Um mar de gente,
Andarei indigente,
Desinteressado e indiferente.
Mas trago aqui no fundo do olho,
Tudo que olho e tudo que não olho
Em meio a tudo que vejo e não vejo
Num simples desejo de não olhar: olhar.
Num olhar de mar de agosto, distante,
Descrente, diferente, impertinente
Quando nunca olhar me é imposto,
Posto que sei ver todo o desgosto,
Do que é próximo, do que é distante,
Do que é real ou do que é inexistente.
Do que de lado ainda nunca foi posto
E que mora nos esconderijos do rosto.

Posto que o desgosto que sinto
Nunca minto que sinto e pressinto
Nessas palavras presentes
De uns versos assim ausentes
E das auroras prementes
Numa escuridão que pressentes.

Cá estou: reposto,
Nunca mais imposto,
Só estou por meu próprio gosto.
E aposto que sentes meu olhar
Presente como um beijo posto
Nos esconderijos do teu rosto.
E em todas as palavras ausentes
Nesses versos aqui presentes...
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 15/10/2012
Reeditado em 03/05/2021
Código do texto: T3933826
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