OS RIOS TURBULENTOS
OS RIOS TURBULENTOS
Antonieta Lopes
Carrego os rios fundos, turbulentos
D’alma em conflitos, câmaras estranhas,
Onde moram robalos e piranhas,
Águas negras rolando os meus tormentos.
Mirabolantes grutas, barulhentos
Torvelinhos de espumas e artimanhas,
Cascatas a cair, vozes tamanhas
Querendo dominar meus pensamentos.
Cascateio, despenco, estabilizo,
Sem sair do limite a mim imposto,
Marcado vivo por um falso friso.
Ninguém lê as procelas no meu rosto,
O claro espelho limpo, sem ser liso,
Esconde e afoga os traumas do desgosto.