Perspectiva anamórfica
Perdoa a apatia sem porquê e também a tristeza
que venho trazendo sem sequer tentar ocultar.
É que já não me apetece guardar em mim tal frieza;
pois meu ser é tão sujo que até essa pode se manchar.
Perdoa a ousadia se por acaso não me contive
e anunciei previamente minha melancolia,
ao pensar no amor que me deste e do qual me abstive
com subterfúgios baratos camuflando minha covardia.
Perdoa também meu egoísmo e esta relação parasita
que ele gerou pra tentar preencher o vácuo da minha existência-
Que continua a prender-te a mim- outra que do teu perdão necessita.
Perdoa-me também por não ter ido embora, perdoa essa insistência...
Por fim, perdoa o meu amor, essa minha preocupação,
O fio rígido que em ti me prende;
Tenta esquecer a parte boa, que no fundo ela é só escuridão.
E guarda apenas a nostalgia de tudo que a me amar te rende
Com um suspiro apaixonado, mas com os pés firmes ao chão.