NA  BOCA DO CÁLICE


     Na boca do cálice caminha 
     o meu deus peregrino.
     Um deus sem palavras,
     imanifesto, apenas um hino.
     Um libelo, as vezes minhas sentenças,
     alegorias de tantas crenças...
     Usa sempre uma branca túnica-negra,
    do claro escuro da cor da  solidão.
    Esse deus cadencia 
    como os cedros de Gibran,
    a pastoral de  Caeiro...
    os botões de flores
    dos meus porões,
    grafites dos meus tinteiros,
   e se veste em dor e sol maior !
   Traz sempre o sorriso dos aldeões
   e a finitude dos furacões,
   tempestades as quais  
  bebo  nas horas mais imprecisas
  na taça desta boca de argila.  
  (Assim me queima  e arde, 
  a chama, essa  minha descomunhão!)


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