janelas
janelas olham
se visitam pássaros
e recursos : asas e deltas
afluentes de si olhares
coalescem o tecido
tênue e consistente
que chamamos realidade
mas janelas desatam
chuva aurora saudade
doces de luz
leveza e gratidão
em porções generosas
o amargo da tristeza
igualmente necessária
mas janelas esquecem
o peso das horas
a aspereza das vozes
e das imagens recebidas
só devolvem
seda e silêncio