insensatez de poesia...

Vou sair pela noite a brincar de louco:

dançar valsas de Strauss com a madrugada,

quero sorrir com os bêbados e mendigos,

saldar os cães, imitar o canto dos galos…

Vou sair pela noite a brincar de louco:

levar a ela a lua de presente dentro do olhos,

orar a feição das coisas nas ocasiões mortas,

deixar-me alagar de nada e me por a sorrir…

Vou sair pela noite a brincar de louco:

sem jamais ter possuído irei à caça do perfume

de alvorecer e daquele olhar de nada querer,

vou orar que o dia nem principie a nascer…

Vou sair pela noite a brincar de louco:

deixar que a insensata poesia tinja-me o olhor,

depois de verde, roubarei o azul das núvens

e me cobrirei de céu pelas calçadas frias…

Vou sair pela noite a brincar de louco:

buscar as coisas de infância que perdi nos atalhos,

agarrar os vestígios de menino que ainda existe,

reaver o que o homem e o tempo amoitaram…

Vou sair pela noite a brincar de louco:

que esse agir tenha ambição e força de eternidade,

que a poesia me trespasse a cada tarde cinzenta,

que a noite seja palavras com olhos de poema!

IVAN CORRÊA
Enviado por IVAN CORRÊA em 13/10/2012
Código do texto: T3930046
Classificação de conteúdo: seguro