Efemeridade

Tudo passa nessa vida
Passa o amor, passa a fala
 E o que se disse há um segundo
Já é passado e caiu na vala
 Do esquecimento do mundo.

É bom ao que se diz ficar atento
Para perdurar por longo tempo
Porque o discurso só será completo
Se de verdades estiver repleto
 E chegar aos sentidos por caminhos retos.

Os prazeres caminham sem destino
E dilaceram corações gradativamente
Se não tiverem consistência
Enquanto a essência do amor exige tino
Para não envolver só em desejo a mente.

O que é efêmero no vento repousa
E em tudo que não é estável
Os sentidos ficam lentos e acusam
A fragilidade do amor carnal
Porque a matéria é vulnerável.