Arizona Lugosi





Escorregando da sombra para o espaço duplo,
revelo um código por dia e um samba pré-fabricado:
Sou Nosferatu.
Quanto tempo já matei estrangulado
pelas cordas do violino.....
Atonalismo, canibalismo, espiritismo,
no fim é tudo escola da estética frívola,
de uma tediosa eternidade em negro e cinza.
Uma tonelada é o que pesa o silêncio,
para quem morre de fome pela palavra.

Caninos pontiagudos, costela quebrada,
insuficiência cardíaca, labirinto inacabado...
ainda assim tudo é um labirinto improvisado...
com o homem de capa preta e alabarda na mão,
esperando o sorridente aventureiro incauto,
que morrerá por não entender o limite do jardim...
É sim, o amor é um crocodilo faminto.

Uma amostra sem custo do deserto pré-moldado,
é o carma oculto, no bolso esquerdo do paletó.
Eternidade serve para matar o afetivo dos objetos,
como os antiquados sapatos de couro martelado.
Não dançam, não andam nem correm pelo salão,
desde que a valsa se acabou no lustre apagado,
e eu fiquei, junto à poeira e aos copos quebrados...

Vivi o suficiente para amaldiçoar a voz do sintetizador,
que simula a antiga dança, para sempre, do meu violino, roubado.

EDUARDO PAIXÃO
Enviado por EDUARDO PAIXÃO em 12/10/2012
Código do texto: T3928899
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