“Como navalha”
Me puxe os cabelos
E os pelos
E não dê ouvidos
Aos meus apelos
Me ame sem desvelo
Sem cuidados
Sem medos
Não sou de cristal
Arranhe-me a pela nua
Branca e crua
Onde todo a luxuria
Insinua
Onde todo bem
É também mal
Coma-me sem cerimônia
Te comerei sem parcimônia
Com toda a fome
Que é nosso natural
Devora-me noite adentro
Deixa-me estar no centro
Do teu cio animal
E quando os nossos desejos lascivos
Estiverem saciados
E nossos corpos exaustos de se dar
Ante o gozo merecido
Joguemos nossos corpos exauridos
Sobre o campo de batalha
Antes que o dia corte nosso sonho
Como navalha
E nos torne dois desconhecidos
® Varley Farias Rodrigues