Paraiso devastado
arranca-se morena esse
grude da terra,
arranca essa argola
da primavera...
seja a parte forte
o meu norte, seja
minha alegria, a infâmia,
minha agonia! seja
o que é bom, o que é ruim
seja o sol ardido
o outro esconderijo
a escada que desce
à rachadura da terra..
seja o amor, seja de vera
pois à luz do inverno,
todo plural é materno
senta aqui, perto
de mim, ao redor
do sol acumulado
da grama gasta
da experiência de retrato,
do terreno abandonado,
perto da palmeira, do vento
fresco, toque meu rosto
meus braços longos
meu destino de gozo,
estenda-se sobre mim
seus beiços grossos
e sente sem o saber,
o tamanho do meu ser....
venha, ao meu redor
se deitar, se deixar
amar, sentir, divagar,
nos planos do amor,
da minha esperança
desencontrada, enterrada
dilacerada dentro de
uma vida desencontrada
saiba o mar de te devo
nos pensamento, saiba
o rio que quero a cada
momento, saiba a chuva
que te molho de cuspe,
de como que engulo
como o tempo o entulho...
da vida, o mergulho
sem fim, eu e você
do outro lado do muro....
vem labutar nas rachaduras
da minha vida, na chaga
de algumas feridas, no
sorriso amarelado, de
tantos momentos desgraçados...
é isso que te ofereço, um
uma paraíso devastado!