DIZEM
Dizem:
- que nossas chagas quase sempre sangram,
nos momentos mais impróprios,
onde gostaríamos de nos mostrar incólumes...
- que as nossas lágrimas quase sempre rolam,
nos momentos mais impróprios,
onde deveríamos nos mostrar fortes...
- que as nossas dores quase sempre doem,
nos momentos mais impróprios,
onde precisaríamos de nos mostrar sãos...
- que a saudade quase sempre chega,
nos momentos mais impróprios,
onde teríamos que nos mostrar alegres...
Entretanto,
essas coisas d’alma:
a sangria,
as lágrimas,
as dores
e a saudade
quando ocorrem
- independente de tempo e lugar –
demonstram que ainda somos humanos;
que ainda somos capazes de sentimentos;
que ainda não fomos completamente impregnados
e aniquilados pela indiferença egoísta
hoje tão comum,
(suprema covardia).