PARADOXOS DO SER
Sombras pestanas do ontem
Ontem está tão longe
Quanto o amanhã sem falanges...
Humanos são como flores
Sempre nos arrancam as cores
Hoje pedaços despetalados
De primaveras que ainda
Nem passaram a existir
Um dia saberemos que
Ontem morremos sem digitais
E nem nos damos conta
Que a notícia ainda vai acontecer
Nos anais das anestesias gerais
Paradoxos do ser
Do amanhecer
Corpos vazios sem preenchimentos
Boiam suspensos sem líquen nos mananciais
Esta sutilidade contida na foice
E foi-se afinal sem deixar transparecer
Que ainda vemos seus traços
De andarilhos presentes nos eternos abraços
Nos troncos ocos da árvore de óbitos
Permeados por seivas longínquas
Contidas nesta outra árvore sem iridescência
Que um dia estará partida sem essência
Pelo desmatamento da vida...
Paradoxos...
Ondas rodando sob outras ondas
Maresias marolas
Ressacadas poesias
Quem sabe um dia
Acordamos deste sonho
Deste sonho enfadonho
Desta partida
Sem ganho displicentemente
Na madrugada o pernoite
E acordamos felizes e contentes
Do outro lado da meia noite...