PARADOXOS DO SER

Sombras pestanas do ontem

Ontem está tão longe

Quanto o amanhã sem falanges...

Humanos são como flores

Sempre nos arrancam as cores

Hoje pedaços despetalados

De primaveras que ainda

Nem passaram a existir

Um dia saberemos que

Ontem morremos sem digitais

E nem nos damos conta

Que a notícia ainda vai acontecer

Nos anais das anestesias gerais

Paradoxos do ser

Do amanhecer

Corpos vazios sem preenchimentos

Boiam suspensos sem líquen nos mananciais

Esta sutilidade contida na foice

E foi-se afinal sem deixar transparecer

Que ainda vemos seus traços

De andarilhos presentes nos eternos abraços

Nos troncos ocos da árvore de óbitos

Permeados por seivas longínquas

Contidas nesta outra árvore sem iridescência

Que um dia estará partida sem essência

Pelo desmatamento da vida...

Paradoxos...

Ondas rodando sob outras ondas

Maresias marolas

Ressacadas poesias

Quem sabe um dia

Acordamos deste sonho

Deste sonho enfadonho

Desta partida

Sem ganho displicentemente

Na madrugada o pernoite

E acordamos felizes e contentes

Do outro lado da meia noite...

Jasper Carvalho
Enviado por Jasper Carvalho em 09/10/2012
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